
Editorial
A (re)valorização do patrimônio histórico em tempos de crise
A preservação dos aspectos culturais de uma população, sejam eles patrimônios materiais ou imateriais, é garantia prevista na constituição brasileira. Em momentos de crises morais, econômicas ou políticas, torna-se ainda mais indispensável o reavivamento da memória e da cultura de um povo.
Por isso, é dever do Estado, conforme os parágrafos I, II e III do artigo 2º da Constituição Federal brasileira, defender a diversidade cultural, étnica e regional do País. Os políticos, representantes eleitos pela população, são obrigados, ainda de acordo com artigo citado, a proteger e a promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial, com valorização e difusão dessas criações e dos bens culturais.
Estas determinações, no entanto, por muitas vezes, não são atendidas, o que reflete em uma sociedade que tende a potencializar seu caráter de desprezo às instituições públicas que investem e priorizam a herança histórica dos mais diversos lugares do Brasil. Evidenciou-se, como exemplo, em 2019, com a mudança no executivo nacional, um decepcionante desrespeito à produção cultural no Brasil.
O trabalho especial transmídia presente, intitulado “Pacajus - Teu nome nos convida a lutar?!”, apresentado neste site, pretende agir na contramão das atitudes do presidente Jair Bolsonaro, que foi o primeiro, desde a redemocratização do Brasil, a extinguir o Ministério da Cultura. Além disso, o presidente fez alterações na Lei Rouanet (ou Lei de Incentivo à Cultura). Houve, com essas mudanças, uma considerável e prejudicial diminuição do investimento na área, que caiu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão em projetos de incentivo ao setor.
A busca dos jornalistas Eudes Viana e Lucas Albano, autores deste trabalho, é pelo resgate dos traços históricos da cidade de Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O acervo conta com dezenas de páginas de jornais do século XX, entre produzidos e veiculados na cidade e outros feitos e distribuídos em Fortaleza, mas que trazem, em suas páginas, informações relevantes e até abalizadas para entender o atual contexto sociopolítico de Pacajus.
A vida política conturbada dos 84 anos de independência, a expectativa do Pacajus Esporte Clube para disputar a primeira divisão do Campeonato Cearense em 2020 e a Economia do Caju, representada pela Cajucultura, sendo o alimento fonte principal de renda de milhares de pacajuenses, compõem as outras três editorias - além de origens - do especial transmídia escrito.
Apresenta-se, nas próximas páginas do especial, uma diversidade acentuada de conteúdos e de opiniões, com especialistas e personagens relevantes que remontam às origens do município, de quando aldeia à transformação em cidade. É obrigação deste projeto, enquanto função social e ética de quem o escreve, portanto, corroborar e ter compromisso com a verdade dos fatos no conteúdo jornalístico de suas matérias e reportagens e ainda servir de consulta para a população pacajuense sobre as origens e a história do município.